Por Laura Chaves, psicóloga.
Fatores Psicossociais como Causa das Disfunções Sexuais
As disfunções sexuais, como a disfunção erétil (DE),podem ser influenciadas por uma série de fatores psicossociais, incluindo depressão, estresse e problemas de relacionamento. Esses fatores são frequentemente subestimados, mas desempenham um papel crucial na saúde sexual masculina. Estudos indicam que há uma relação bidirecional significativa entre disfunções sexuais e distúrbios psicológicos, como a depressão e a ansiedade.
Impacto da Depressão e do Estresse na Disfunção Erétil
Depressão e estresse são fatores comumente associados à DE. Em uma metanálise de 49 estudos, foi demonstrado que a presença de disfunção erétil está associada a um risco aumentado de depressão (razão de chances [OR] 1,39, intervalo de confiança [IC] 95% 1,35-1,42). Além disso, a presença de depressão foi associada a um risco ainda maior de desenvolver DE (OR 2,92, IC 95% 2,37-3,60). Esses dados sublinham a forte conexão entre saúde mental e função sexual, sugerindo que problemas emocionais não só resultam da disfunção sexual, mas também podem ser a causa subjacente.
A American Urological Association (AUA) recomenda que todos os homens que apresentam disfunção erétil sejam avaliados quanto a fatores psicossociais, incluindo depressão e ansiedade. Essa avaliação é fundamental para um diagnóstico completo e para garantir que o tratamento aborde todas as causas potenciais da disfunção.
Ansiedade de Desempenho e Problemas de Relacionamento
A disfunção erétil que se desenvolve repentinamente é frequentemente atribuída à ansiedade de desempenho. Esse problema pode ser desencadeado por preocupações com o desempenho sexual, problemas com o parceiro atual ou outras questões emocionais. A ansiedade de desempenho pode criar um ciclo vicioso, onde a preocupação com o fracasso sexual leva à falha real em obter ou manter uma ereção, o que, por sua vez, aumenta a ansiedade e perpetua a disfunção.
Abordagens Terapêuticas e Importância da Psicoterapia
Para homens cuja disfunção erétil é influenciada por fatores psicossociais, a psicoterapia é uma abordagem terapêutica preferencial e eficaz. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é amplamente utilizada para tratar a ansiedade de desempenho e outras questões emocionais relacionadas à função sexual. A TCC ajuda os pacientes a identificar e modificar pensamentos e comportamentos negativos que contribuem para a disfunção sexual. A evidência científica respalda a eficácia da TCC, mostrando que ela pode melhorar significativamente a função erétil e a satisfação sexual ao abordar as causas subjacentes da ansiedade e do estresse.
Além disso, o aconselhamento de casais pode ser benéfico quando os problemas de relacionamento contribuem para a disfunção sexual. Melhorar a comunicação e resolver conflitos pode aliviar a pressão sobre o desempenho sexual e restaurar a intimidade emocional, resultando em melhorias na função sexual.
Em conclusão, os fatores psicossociais desempenham um papel central nas disfunções sexuais, e abordá-los adequadamente é essencial para um tratamento eficaz. A avaliação psicológica e a psicoterapia devem ser componentes integrais do plano de tratamento para disfunção erétil, garantindo que as causas emocionais sejam tratadas juntamente com qualquer disfunção física. Essa abordagem holística não só melhora a saúde sexual, mas também o bem-estar geral dos pacientes.