Por Dr. Daniel Freitas, urologista.
Os rins são órgãos em forma de feijão, aproximadamente do tamanho de um punho, localizados em cada lado da parte superior das costas, logo abaixo das costelas. Os rins filtram o sangue e produzem a urina, para eliminar o excesso de água e resíduos do nosso metabolismo.
A forma mais comum de câncer de rim em adultos é o carcinoma de células renais (CCR). O CCR geralmente não causa sintomas óbvios, especialmente nos estágios iniciais. Como resultado, o câncer pode não ser descoberto até que esteja em estágio avançado.
O tratamento do CCR pode incluir cirurgia para remover parte ou todo o rim. Em algumas pessoas, medicamentos podem ser usados para retardar o crescimento do câncer.
SINTOMAS DO CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS
A maioria das pessoas com carcinoma de células renais (CCR) não apresenta sintomas óbvios. Isso significa que o CCR às vezes não é detectado até que o câncer esteja em estágio avançado. Quando os sintomas ocorrem, os mais comuns incluem:
- Sangue na urina (hematúria)
- Dor nas laterais da parte superior das costas (flanco)
- Uma massa palpável no abdômen ou na lateral das costas
- Inchaço ao redor do testículo esquerdo
- Perda de peso, sudorese noturna e/ou febre inexplicável
Se você tiver algum desses sintomas, converse com seu médico.
DIAGNÓSTICO DO CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS
Se você tiver sintomas de carcinoma de células renais (CCR),seu médico pode solicitar um exame de imagem, como um ultrassom ou tomografia computadorizada (TC),para examinar os rins. Na maioria dos casos, no entanto, o câncer é encontrado por acaso, quando um desses exames é feito por outro motivo e identifica incidentalmente um nódulo ou algum crescimento anormal no rim.
Se você fizer um ultrassom que mostrar um nódulo no rim, uma tomografia computadorizada com contraste administrado pela veia deverá ser solicitada. A tomografia também pode indicar se o crescimento parece maligno e se está localizado apenas no rim.
Ao contrário de outros tipos de câncer, uma biópsia nem sempre é necessária para confirmar que você tem CCR. Em vez disso, o diagnóstico pode ser baseado na aparência do tumor na tomografia. Posteriormente, o diagnóstico é confirmado quando o tumor ou todo o rim é removido durante a cirurgia.
ESTADIAMENTO
Uma vez que o CCR é diagnosticado, o próximo passo é determinar seu estágio. O estadiamento é um sistema usado para descrever o tamanho, agressividade e disseminação do câncer. O estágio do câncer ajuda a guiar o tratamento e pode ajudar a prever os riscos a longo prazo.
O estágio do CCR é baseado em:
- O tamanho do tumor
- Disseminação do câncer para linfonodos próximos, vasos sanguíneos ou tecidos ao redor do rim
- Sinais de câncer em outros órgãos (fígado, pulmão, osso, etc.)
Os estágios do CCR variam de estágio I, o que significa que o tumor é menor que 7 cm e não se espalhou para fora do rim, até o estágio IV, o que significa que o tumor se espalhou além das camadas externas do rim ou para linfonodos distantes ou outros órgãos.
Em geral, cânceres em estágios mais baixos são menos agressivos ou avançados e têm menos probabilidade de reaparecer após o tratamento em comparação com cânceres em estágios mais avançados. CCRs nos estágios I, II e III são referidos como CCRs localizados, enquanto um CCR em estágio IV é referido como CCR avançado ou metastático.
TRATAMENTO DO CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS LOCALIZADO
O tratamento preferido para a maioria das pessoas com carcinoma de células renais (CCR) localizado é a cirurgia para remover parte ou todo o rim e, se necessário, os linfonodos próximos.
A intenção é sempre preservar tecido renal saudável, mas a decisão de remover parte ou todo o rim depende do tamanho do câncer, de onde ele está localizado no rim, se há um ou vários tumores e de como os rins funcionam.
- Se você tiver vários tumores, ou seu tumor for grande ou estiver localizado centralmente dentro do rim, pode ser necessário remover completamente o rim, especialmente se seu outro rim funcionar normalmente.
- Em outras situações ou se seus rins não funcionarem bem, remover parte do rim pode ser uma opção melhor.
NEFRECTOMIA RADICAL
“Nefrectomia radical” é o termo médico para uma cirurgia que remove todo o rim e os tecidos circundantes. A maioria das pessoas pode viver normalmente com apenas um rim.
NEFRECTOMIA PARCIAL
“Nefrectomia parcial” é como se chama a cirurgia que remove apenas a parte do rim comprometida pelo tumor, preservando o restante do rim saudável. Também é possível que você ouça chamarem essa técnica de “cirurgia poupadora de néfrons”. Os rins filtram resíduos do sangue com estruturas minúsculas, conhecidas como néfrons. Os tratamentos poupadores de néfrons permitem que os pequenos filtros do mesmo rim continuem funcionando, preservando, assim, a função renal.
Técnicas que preservam a função renal são sempre preferíveis, especialmente se seus rins já não funcionarem muito bem, uma situação em que preservar o maior número possível de néfrons é uma prioridade.
Outros tratamentos preservadores de néfrons, além da nefrectomia parcial, incluem:
- Ablação por radiofrequencia (tratamento que destrói o câncer por calor).
- Crioterapia ou crioablação (tratamento que destrói o câncer por congelamento).
O uso dessas técnicas não cirúrgicas depende especialmente do tamanha e da localização dos tumores. Um urologista experiente poderá orientá-lo sobre as diferentes possibilidades e ajudá-lo a decidir o melhor tratamento para o seu caso.
TRATAMENTO APÓS A CIRURGIA
Para pessoas com CCR localizado em estágio inicial, geralmente não é necessário qualquer tratamento adicional após a cirurgia. Em doenças iniciais o tratamento complementar com remédios não diminui a chance de retorno do câncer (que nesses casos é muito pequena).
No entanto, para pessoas com CCR em estágio mais avançado ou tumores de grau mais alto (ou seja, células e tecidos cancerígenos que parecem mais anormais ao microscópio e parecem mais propensos a crescer e se espalhar),pode ser utilizado tratamento médico adicional para diminuir a chance de retorno do câncer.
É fundamental manter acompanhamento regular com seu médico após o tratamento do câncer, com exames de sangue e de imagem para monitorar os sinais precoces de retorno da doença.